sexta-feira, 2 de outubro de 2009

7º dia

7º dia

Acordei às 5:05 da manhã, meio que forçado pois o Sgto Patricio invadia o alojamento aos gritos, acordando todo mundo. Era dia de inspeção e os soldados teriam que ralar muito prá deixar tudo em ordem. Foi uma xingação geral !
Levantei-me no embalo e fui logo escrevendo. O café só sairia mais tarde e eu tinha que disfarçar.
Após o café da manhã comecei a me preparar para ir embora. Fui me despedindo do pessoal e principalmente do Sgto. Rodrigues, um coroa muito simpático que me assistiu o tempo todo. Haviamos conversado muito na noite anterior.
Sai do Rio de Janeiro às 7:20 hs, o destino seria Araruama mas acabei abandonando esse percurso e fui em direção à Campos seguindo informações da Policia Rodoviária.
Comecei à pedalar indo em direção à ponte Rio-Niterói, teria que pegar uma carona prá atravessar pois o transito de bicicletas ali é proibido. Fui seguindo pelo caminho indicado e quando percebi já estava pedalando na ponte. Continuei como se não soubesse de nada e após pedalar quase 4 km fui abordado por uma viatura. Dentro dela havia dois seguranças, o Luiz Augusto e o Antonio me orientaram à parar bem atrás deles. Me convidaram à colocar a bike dentro da viatura e me levaram até o final da ponte. Pedi desculpas, me despedi e fui embora.
O trecho à ser percorrido na parte da manhã seria de mais ou menos 57 km até Rio Bonito. Foi um passeio, a estrada era praticamente toda plana, com bom asfalto e acostamento. Os únicos problemas eram o sol forte e falta de dinheiro (nenhum !) que me faria pedalar a manhã toda sem alimentação. Fui passando em várias localidades, parando apenas à beira da estrada para descansar e tomar água. A única coisa que eu tinha para comer era meio tablete de margarina que sobrara do dia anterior. Por sorte achei uma laranja à beira da pista (deve ter caído de algum caminhão) e mais a frente colhi algumas bananas. Foi isto que comi durante a manhã.
Cheguei à Rio Bonito na intenção de almoçar em algum quartel, mas para minha decepção ali não existia nenhum. A única solução que encontrei foi tentar vender a corrente sobressalente. Fui até uma bicicletaria mas o cara não aceitou. Me indicou uma outra oficina mais a frente. Segui para lá, cheio de esperanças, fiquei esperando uns 15 minutos pela chegada do proprietário, um rapaz de nome Fábio. Esse cara foi muito legal mesmo. Não aceitou a corrente pois sabia que eu poderia precisar dela. Primeiro ele me deu R$ 2,00, indicando um barzinho onde eu poderia comer bem, fiquei meio envergonhado mas aceitei. Ficamos conversando e ele me contou que a pouco tempo tinha dado uma força à um gringo argentino que também viajava de bike e havia passado por lá. Eu já ouvira falar desse gringo.
Enquanto conversávamos contei à ele a minha desventura com o pneu e ele acabou se oferecendo para consertar as duas câmaras que estavam furadas (no boi, é claro) . O tempo foi passando e acabamos indo almoçar juntos. Fomos ao barzinho que ele havia indicado, o Cantinho do Beija-Flor onde fomos atendidos pelo Valtinho. Acabei conhecendo o Edilson e almoçamos os tres juntos. Na saida após colher todas informações sobre o trecho a seguir, fui guiado pelo Edilson até a agencia do banco onde iria tentar pegar a grana. Antes já me despedira do Fábio com a promessa de na volta passar lá para retribuir o almoço. Ele havia me convidado á pernoitar ali mas tive que recusar pois ainda não havia feito a média de 100 km por dia.
Chegando ao banco me despedi do Edilson. Na porta do banco havia um rapaz e pedi á ele que desse uma olhadinha na bike enquanto eu ia lá dentro. Entrei e ...outra decepção. Nem a Gelinho nem o Fausto Lopes que deveriam fazer o depósito no dia 25 conforme o combinado. Fiquei louco pois se passaram 5 dias, eu já havia telefonado cobrando e nada ! Pisada feia dos dois, estava ficando em péssima situação. O único jeito foi seguir viagem, eu tentaria chegar a uma cidade onde houvesse quartel para pedir abrigo e comida de graça. Após 64 km cheguei a Casimiro de Abreu, infelizmente não havia nenhum quartel ali. Fui então na prefeitura mas já era tarde e não havia mais ninguém lá que pudesse me ajudar. A cidade mais próxima seria Macaé que ficava a 50 km. Impossível chegar lá pedalando, eu já havia feito 133,37 km (aliás a melhor distancia desde o início da viagem).
Já era noite, o único jeito foi pedir uma carona. Havia um caminhoneiro parado à beira da estrada batendo papo, me aproximei e perguntei se ele iria até Macaé. O Ricardo (este era o seu nome) respondeu afirmativamente porém só o faria após cortar o cabelo e fazer a barba, me pediu para aguarda-lo. Fui sentar na praça e enquanto esperava aproveitei para telefonar outra vez para os patrocinadores, não consegui !
Ao retornar, o Ricardo ainda me pagou um café, colocamos a bike em cima do caminhão e pé na estrada. Chegamos em Macaé às 19:30 hs e eu fui direto ao quartel do Corpo de Bombeiros onde fui atendido pelo Sgto. Nilo. Ele foi direto ao Capitão Miranda levando o meu RG e o projeto da viagem. Voltou logo em seguida, tudo certo, hospedagem concedida. Fui direto tomar banho e me instalei na sala de musculação.
Descansei um pouco até o jantar, a corporação já havia jantado, mesmo assim deram um jeitinho e conseguiram um rango prá mim. A comida já estava fria, mas tudo bem (era de graça !). Durante o jantar acabei conhecendo o Docinho, um salva-vidas que estava de vserviço ali meio que escondido. Ele matou um traficante e estava sendo caçado.
Conheci praticamente todos que estavam no local. Todos me perguntavam a mesma coisa ! de onde vinha e prá onde ia ? E eu repetia a mesma resposta pacientemente.
O quartel de Macaé, diga-se de passagem, estava em ótimas condições, muito confortável mesmo. O atendimento foi nota 10 !
Fui dormir tarde, após muito bate-papo fui novamente ao banco (nada, os patrocinadores continuavam pisando na bola) voltei ao quartel e fui direto dormir.

Ficha Técnica

Velocidade média: 20,00 km/h
Velocidade máxima: 47,10km/h
Percurso total: 133,37 km/h
Tempo de percurso: 6:06 hs

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