sexta-feira, 2 de outubro de 2009

29º Dia

29º Dia

Dormir e acordar embalado pelo som das ondas, não tem nada melhor. Hoje só faltou estar com a Sthefanie ali ao meu lado. A casa onde dormi fica à uns 50 metros da praia http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom?uid=10932769780593617800&pid=1254052023915&aid=1253979376$pid=1254051375917 . Dormi no sofá com as janelas todas abertas. Sem mosquitos e com uma brisa atravessando o ambiente. Acho que o Nanico desligou a tv quando chegou, nem ví !
Fui à padaria para comprar pão e tive que esperar até umas seis e pouco, estava fechada ainda mas valeu a pena, o pão estava quentinho.
Tomei o café sozinho e logo em seguida a Mônica acordava para fazer o “leitinho” da Jéssica (vida de mãe é assim mesmo). Ela ainda estava grávida de um menino (segundo o palpite dela).
Fui arrumando as tralhas e quando saí o Frank já estava de pé. O Nanico ainda roncava no quarto, só acordou prá dizer “tchau Rato, boa viagem”.
Os primeiros 35 Km foram uma beleza, estrada plana, bom asfalto e nada de vento. Tava muito fácil para ser verdade. No meio de uma reta o pneu dianteiro “se foi”. Ainda bem que era o dianteiro, tirei rapidinho, coloquei a câmara reserva e comecei a bombar. A bomba prá variar já estava uma merda novamente. Desmontei e vi que a borracha tava completamente ressecada, impossível consertar. Havia uma casa em frente, porém o rapaz que lá morava não tinha bomba, disse porém que havia um posto de gasolina ali perto. Me emprestou sua bicicleta e eu fui ao tal posto levando o pneu para encher, quando enchi o pneu tive uma surpresinha. Ele havia rasgado exatamente como os outro dois. O rasgo era pequeno e deu para colocar um remendo.
Depois de todo esse tempo perdido, sai voando. Logo à seguir havia uma longa descida. Fiquei feliz com aquele presente mas não por muito tempo pois ao chegar em Atalaia descobri que havia pego o caminho errado. Aí já viu né, aquela descida se transformou numa puta subidona...cacete que azar ! Voltei, puto da vida até o trevo onde me perdera. Não foi à toa que me perdi pois prá ir em direção à Recife eu teria que sair da estrada à direita e não havia nenhuma placa indicativa.
Peguei a estrada certa e fui pedalando direto. Agora já havia trechos com subidas e descidas e o calor ficara insuportável. Povoados e postos de gasolina sumiram e acabei ficando um bom tempo sem água. Só às 15:30 hs eu chegaria à BR 101. Logo achei um posto de gasolina onde tomei água gelada e um belo banho. Logo à seguir estava a cidadezinha de Messias. Eu queria almoçar mas estava com pouco dinheiro. Iria entrar na cidade mas um senhor me indicou um restaurante um pouco mais à frente. Segui até lá. O prato feito custava R$ 3,50. Tentei negociar meio prato por R$ 2,00 pois a grana estava curta outra vez. A dona Bebé, dona do Restaurante e Hotel São Luiz, acabou por mandar me servir um prato completo, com arroz, feijão, salada e carne assada. E ainda por cima não quis cobrar a refeição. No final da refeição ainda me serviu cafézinho, ofereceu-me lugar para tomar um banho e lugar para descansar.
Comecei a escrever e enquanto isso dei as fotos para o pessoal dar uma olhada. A dona Bebé é uma daquelas pessoas que merecem aquilo que possuem, extremamente simpática e gentil, fez de tudo para me deixar à vontade mesmo sabendo que eu não gastaria um centavo sequer alí, ou seja fêz tudo sem o menor interesse. Iriamos tirar uma foto juntos mas não deu, acho que o filme deve ter acabado ou então as pilhas (só saberia mais tarde).
Prometi à ela que na volta pararia alí para tirar uma foto e daria um jeito de entregá-la pessoalmente ou pelo correio. Ao me despedir ela me contou que em quatro meses estaria mudando dalí para as novas instalações que estava construindo mais adiante. Pena que não vou conhecer, quem sabe ano que vem né ! Dona Bebé ainda me surpreenderia outra vez me oferecendo além de outro cafézinho, R$ 10,00 para que eu pudesse completar a viagem sem preocupação com dinheiro. Aceitei com a condição de que fosse um empréstimo. Pois eu estava precisando mesmo. Valeu mesmo dona Bebé !
Sai dali, do Hotel São Luiz às 16:30 hs e estava disposto à extrapolar naquela noite. Em uma hora já estaria escurecendo , mas eu queria muito mais, aproveitaria o bom estado da estrada para fazer um “night biker”. Valeu a pena, a noite estava simplesmente maravilhosa e eu já estava ficando cada vez mais viciado em pedalar à noite.
À noite, por incrível que pareça, é muito melhor para pedalar. A temperatura ideal e o pouco trânsito ajudam muito. À noite você não tem muitas opções para ficar parando à toda hora, a ùnica paisagem é o imenso céu com os milhões de estrelas que o habitam, além é claro da minha inseparável companheira, a Lua. Ela é a única fonte de luz a iluminar a estrada e nessa noite em especial ela parecia querer dar uma força. Estava mesmo muito claro ou os meu olhos já estavam se acostumando com a escuridão. O fato é que ao chegar em Novo Lino, verifiquei que havia batido o recorde de quilometragem na viagem, 164,40 Km.
Foi maravilhoso este penúltimo dia do desafio. Parei no meio da estrada, sentei-me e comecei à pensar em como a minha vida havia mudado em menos de um ano. A um ano atrás eu estava realmente mal, após a minha separação passei por momentos terríveis. Muita depressão, não tinha a menor vontade de viver, achava mesmo que minha vida havia se acabado. Não fosse por minha filha, pelo amor que tenho por ela, hoje eu não estaria aqui. Por sorte, e com muita força de vontade (modéstia à parte acho que essa é minha grande virtude) decidi reagir e aqui estou à 86 Km do final do meu desafio. O esporte é realmente a cura de todos os males. Desde o dia em que resolvi sair da cama e começar vida nova, a primeira coisa que fiz foi jogar fora todos os “remédios” que estava consumindo diáriamente sob receita médica (anti-depressivos, anti-isso, anti-aquilo...prá mim nada presta). Desde esse dia então nunca mais tomei nenhum remédio, nem mesmo para dor-de-cabeça, se a dor vem sozinha que vá embora sozinha. Além disso, tomar remédio prá que ? Não fico doente à muito tempo. Só me lembro daquele “acidente” em Itabuna, depois da “catada de caranguejo”.
Cheguei à Novo Lino às 20:45, procurando logo pelo posto da PM porém não havia alojamento e fui orientado a seguir até a delegacia. Acabei conseguindo alojamento e comida à vontade numa espécie de pensão usada exclusivamente pelos policiais. Fiquei à vontade pois não havia ninguém no local. Na mesa já havia refeição pronta, mandioca e batata-doce cozidas, biscoitos, café e bife. Comi prá caramba e fui prá caminha ao lado da minha inseparável foto da Teté.
Boa noite filhinha, amanhã eu chego lá !

Ficha Técnica

Velocidade média: 13,90 km/h
Velocidade máxima: 50,10 km/h
Percurso total: 164,47 km/h
Tempo de percurso: 12:00 hs

Nenhum comentário:

Postar um comentário