6º Dia
Comecei o dia já meio desanimado, pois com as duas câmaras furadas e a bomba estragada, eu não me sentia muito seguro prá seguir viagem. O pior de tudo é que eu estava sem grana pois havia pago o hotel e o restante havia gasto com o lanche do dia anterior.
Só possuía comigo naquele momento algumas moedas que somadas não davam R$ 1,00. Eu precisava comer e bem. Peguei as moedinhas e fui até a padaria mais próxima. Só deu prá comprar 3 brisolinhas (nome que se dá ao pãozinho de 50 gr), e um tablete de margarina.
Eu ainda tinha um pouco de leitee este seria meu desjejum matinal. Na volta o porteiro ainda me ofereceu um copo de café (gentileza da casa). Depois de comer fui direto ao trabalho. Desmontei o pneu e após uma minuciosa vistoria descobri a causa dos furos. O maldito pneu slick já estava rasgando em dois pontos deixando exposto o arame da armação. Troquei o pneu, colocando o original que na minha opinião é muito melhor para este tipo de uso. Um conselho, se for percorrer longos trechos de asfalto use o pneu original, o slick é muito confortável, tem ótima aderência mas é justamente essa aderência que prejudica o desempenho.
Depois de consertado o pneu que só fui encher no posto mais próximo, fui procurar uma bicicletaria para tentar conseguir uma bomba que prestasse. Tentei a troca de uma corrente que levava de reserva mas isto não foi possivel pois os funcionários não podiam fazer tal troca.
Na terceira loja fui atendido pelo dono, “seo” Laércio, e acabei resolvendo o problema (aliás , ele resolveu). O “seo” Laércio desmontou a bomba e trocou o reparo sem me cobrar nada (muito legal).
Parti de Itaguaí ás 10:15 hs e segundo cálculos baseados nas informações locais eu deveria atingir Santa Cruz e após 86.5 km acabei chegando mesmo no Rio de Janeiro. Foi horrível ter que pedalar praticamente a tarde toda na Avenida Brasil.
A maior parte do percurso sem acostamento, um puta transito de onibus e caminhões à milhão tirando “fininhas” a todo instante. O sol brilhava forte, água prá beber só a dos postos de gasolina e o pior de tudo... eu tava durinho ! Comi neste percurso apenas duas bananas que pedi “emprestadas” para o Wilson, um garotinho que vendia frutas na beira da estrada (prometi devolver na volta da viagem).
Mais adiante consegui laranjas com outro vendedor. Eles salvaram o meu dia.
Telefonei prá Santos prá matar saudades da Dona Alice (prá quem não sabe é a minha mamãe) e também prá “apertar” os patrocinadores que não haviam depositado a grana. Eu tinha a intenção de chegar à Niterói, mas quando cheguei à ponte que une a cidade do Rio de Janeiro à Niterói fui informado que não era permitida a travessia de bicicletas. As únicas saídas seriam uma carona (que já não estava com saco prá pedir) ou a travessia por lancha (que eu não tinha dinheiro prá pagar). Solução ? Pedir abrigo aos meus salvadores, o Corpo de Bombeiros. Havia um quartel ali próximo. Segui até lá onde fui recebido pelo Sgto Patricio. O cara no começo se fez de durão, me interrogando, me exigindo documentos e até queria que eu ussasse calças (imaginem só)
Depois de alguns minutos de conversa e com o apoio de alguns soldados ele acabou liberando. Prá ajudar, sai mostrando as fotos de alpinismo, e até as fotos da Sthefanie. Me dei bem porque o capitão que estava no comando é praticante de montanhismo e aí liberou geral.
Tomei um belo banho, jantei e fui pro alojamento escrever. Dormi logo em seguida.
Ficha Técnica
Velocidade média: 19,40 km/h
Velocidade máxima: 41,20 km/h
Percurso total: 86,50km/h
Tempo de percurso: 4:45 hs
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