sexta-feira, 2 de outubro de 2009

25º Dia

25º Dia

Assim que o dia clareou e um me levantei e sem muita demora me arrumei, tomei um café e fui embora, com destino à Aracajú. Os primeiros 35 Km da viagem foram um verdadeiro inferno. A transmissão da bike piorava à cada quilômetro. O começo da rodovia estava em péssimas condições sem acostamento. O transito era intenso e apesar de ser um sábado havia muitos caminhões. Depois de vencer esse sufoco cheguei à Estância e resolvi procurar uma bicicletaria para dar um jeito na bike. Achei uma chamada Rodociclo que tem a organização do Silveira (aqui todo comércio é identificado assim). Aqui por estas bandas é muito dificil achar peças importadas. Em nenhum lugar havia uma corrente do tipo “indexada” que poderia salvar o resto da viagem. Não tinha outro jeito senão inventar. Com a permissão do Silveira fui para a oficina e botei a mão na graxa. Comprei um pouco de querosene e lavei todo o conjunto. Retirei a corrente, lavei-a cuidadosamente e fui destravando dente por dente, batendo com um martelinho e lubrificando. Coloquei-a de volta tendo a idéia de colocá-la invertida. Cara, valeu a pena ter perdido uma hora pois nem parecia a mesma. Melhorou uns 90 % .
Saí animadíssimo de Estância, agradecendo ao Silveira pela força. Faltavam até Aracajú uns 70 Km que acabei percorrendo numa boa com a “nova” bike.
Quando estava à uns 18 Km vi no acostamento, duas grandes caixas de papelão jogadas. Parei vi que estavam cheias de ovos. Haviam com certeza caído de algum caminhão pois muitos estavam quebrados e ainda havia outra caixa jogada dentro do mato. Enchi as mochilas com o que deu prá levar e fui embora. No caminho fui pensando em dar um jeito de ganhar uma grana com aqueles ovos. Parei num posto de gasolina e consegui um “sócio”. Fomos com o fusquinha até o local e pegamos as tres caixas (cada uma tinha 30 dúzias). Voltamos ao posto e fomos separando o que sobrara e no final fiquei com 30 dúzias (fora o que estava nas mochilas). Era muito ovo prá levar na bike e pedi que o pessoal guardasse prá mim. Na minha saida ainda rolou uma puta guerra de ovos no posto (era ovo prá todo lado).
Quando cheguei à Aracajú nem precisei ir até o centro pois logo na entrada da cidade havia sabe o quê ? O quartel da Policia Rodoviária. Quando cheguei no portão lá estava o Sgto. Fernando. Eu nem precisei falar nada pois ele mesmo já começou a me interrogar com o “de onde vem, prá onde vai”. Pronto, estava armado o golpe. Em 10 segundos eu estava hospedado. Me acomodei e fui convidado à jantar. Disse ao sargento que tinha comida num marmitex (que sobrara do almoço). Mesmo assim o sargento ainda mandou acrescentar mais arroz e carne assada quentinhos (quase não consegui comer tudo). Prá beber tinha um barril de suco em cima da mesa, era só ir enchendo o copo.
Falei ao sargento sobre os ovos e ele ficou de arrumar uma viatura para ir buscá-los mais tarde. Depois de muita conversa, fui ao centro de Aracajú, de ônibus, dar uma volta e tentar revelar o primeiro filme da viagem. No Shopping Rio Mar existe uma loja que revela em 1 hora. Enquanto aguardava dei uma volta no shopping e lembrei da Dani pois minha ultima passagem por um shopping foi num encontro com ela em São Paulo (Dani, tô com saudades !) Telefonei prá mamãe e prá Sthefanie. Ela já havia saido do hospital e parecia estar bem.
Fiquei muito feliz e bem mais tranquilo. Falei com minha ex-mulher, prá saber do estado da Teté e sobre a grana (é lógico). Ela havia recebido do Fausto Lopes, então tudo bem. Peguei as fotos com o pessoal, tomei outro banho e fui dormir (ou pelo menos tentar). Foi a pior noite desde o início da viagem. Milhões de muriçocas moravam no local e o único jeito era dormir coberto (mas com esse calor ?). Foram quatro banhos durante a noite prá poder suportar o calor debaixo do lençol e mesmo assim quase não dormi. Que noite !

Ficha Técnica

Velocidade média: 20,20 km/h
Velocidade máxima: 50,30 km/h
Percurso total: 103,34 km/h
Tempo de percurso: 5,10 hs

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