sexta-feira, 2 de outubro de 2009

30 º Dia (O dia final)

30 º Dia (O dia final)

Como era de se esperar, acordei cedo e ansioso para cair na estrada. Levantei e fui logo fazendo um lanchinho às 6:30 hs. Chegaram à casa a Dna Maria Ciça e a Fátima, cosinheiras do local. Não comentei que já havia tomado café e uma hora depois eu estava tomando café de verdade junto com os agentes. Ai foi um café da manhã completo, pão mortadela cozida, ovos fritos, biscoitos, batata doce, cuscuz e mandioca. Comi como um rei. A cozinheira está de parabéns. Ainda aproveitei e sequestrei dois sanduiches prá viagem.
Durante o café, no meio de muitas brincadeiras, fui entrevistado pelo “Gil Gomes” local e depois participei do programa “Quer Namorar Comigo ?” com o Silvio Santos (Tudo cover é claro). As vitimas eram as duas cozinheiras (ficou só na amizade).
Sai logo em seguida e passei numa bicicletaria para novamente tentar dar um jeitinho na transmissão. Me despedi de todos na delegacia e fui embora, já eram 9:15 hs.
Ao pegar a estrada vi que o dia não ia ser nada fácil, desta vez a transmissão tinha ido embora de vez, não tinha mais conserto. Por sorte a estrada estava muito boa e não havia quase subidas. Mesmo assim foi muito difícil pedalar com a bike naquele estado. Eu ia perdendo as marchas pesadas, uma a uma. Dos sete pinhões, fiquei apenas com os dois mais leves. Imagine você pedalando numa estrada com muitos trechos planos e descidas e sem nenhuma marcha pesada. Nas subidas, como eram pequenas, não fazia muita diferença. Foi cansativo e pouco rendeu.
Finalmente depois de longos 35 Km a corrente quebrou. Tive que empurrar a bike por uns 4 Km até chegar à um posto de gasolina. Ao meio dia eu só havia feito 39 Km. Consertei a bike e aproveitei para almoçar ali mesmo. Acho que foi o pior almoço desde que iníciei a viagem. O preço era atrativo , R$ 2,50. Quando foi servido vi porque era barato. Um prato com feijão, arroz e macarrão frio (argh). Só comi o macarrão porque sabia que precisava consumir os carboidratos (se é que havia algum ali). No outro prato um frango torrado (que eles chamavam de galeto) e algumas rodelas de tomate e cebola (era a salada).
Prá animar mais ainda o ambiente chegou um baiolão com seu Chevette 74, abriu as portas da “caranga” e mandou ver suas fitas de bolerão e sertanejo, ainda por cima fora de rotação. O volume é claro, era o máximo possível, afinal mesmo quem não gostasse tinha que ouvir.
Sai voando, nem descansei. Faltavam para o final do desafio mais 48 Km. Seria pouco se não fosse o problema com a bike. Jamais eu chegaria à Recife onde pretendia terminar o dia. Parei um pouco mais a frente e descansei na sombra de um bar onde fui informado que com 48 Km eu chegaria mais ou menos no município de Escada. O computador já estava quase se apagando, era impossível fazer a leitura com a bike em movimento, uma pena pois eu gostaria muito de ver o desgraçado virando na marca dos 3.100 Km. Começei a fazer a marcação pelas placas indicativas à beira da rodovia. Havia placas de 2 em 2 Km em ordem decrescente e calculei que o final do desafio seria no Km 135. foi um dos piores trechos da viagem. Embora a estrada estivesse me convidando à uma boa pedalada eu não tinha mais equipamento. Foi um inferno. Eu estava na maior vontade de chegar. Cheio de gás, eu girava a perna e bike não andava, rezava por uma bela descida. Não tirava os olhos das placas indicando a quilometragem. Parecia que elas se afastavam de mim. Mas fui chegando, Km 139, Km 137 e de repente parei numa balança para pegar água gelada. Ao verificar o computador uma decepção, ele já marcava 86,23 Km, eu já havia passado a marca do 3.100 Km e não tive o prazer de sentir esse momento da minha vida. http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom?uid=10932769780593617800&pid=1254052023915&aid=1253979376$pid=1254051277427 Comemorei ali mesmo junto com os agentes da fiscalização. Como testemunhas os agentes Gilvan e outro que esqueci o nome. Dali em diante eu resolvi pegar uma carona pois não daria mesmo prá chegar à Recife pedalando. Ainda faltavam uns 70 Km. Os agentes me ajudaram e logo consegui uma carona num caminhão basculante, dirigido pelo Chaves. O cara tava com muita pressa, dirigia como um louco, fazendo umas ultrapassagens perigosas. Nem conversamos muito, eu não queria desviar a atenção dele. A cada curva, a cada lombada ou buraco, eu lembrava da bike em cima da caçamba. Devia estar sofrendo muito a coitadinha. Logo chegamos à Recife e o Chaves me deixou quase na porta de um quartel do Corpo de Bombeiros onde fui apresentado ao Ten. Paulo. Ele bem que tentou, mas não conseguiu o pernoite alí. Mesmo assim mandou servir um prato de comida. Apesar da boa vontade eu preferia não ter jantado. A comida estava fria, quase não consegui comer. É...o meu dia gastronômico não foi nada bom.
Segui até o quartel do 6º Batalhão que ficava ali perto e novamente recebi um não. Fui informado que ao lado havia uma guarnição do exército. Fui até a portaria onde os sentinelas logo foram me desanimando. Diziam ser impossível, mesmo assim insisti para falar com o sargento. Chamava-se Naelson e não precisei de um minuto para conseguir autorização para o pernoite. O interessante é que toda a guarnição preferia dormir fora do alojamento devido ao calor e às muriçocas. Depois de tomar um banho, sai para tentar comprar filme para a máquina fotográfica. O aeroporto fica bem próximo ao quartel. Segui até lápois havia um shopping porém ao chegar desisti do filme. O de 12 poses custava R$ 5,76 e o de 24 a bagatela de R$ 10,00. Peguei um ônibus e fui até o Shopping Guararapes. Ai sim ! O filme custava R$ 4,40 (36 poses). Pedi a garota do balcão que trocasse o filme prá mim dentro da câmara escura pois o filme poderia estar com problemas. Peguei o ônibus de volta aproveitando para olhar um pouco a bela orla da praia. Ao voltar ao quartel já era bem tarde e todos já estavam acomodados. Fiz um lanchinho e dormi. E assim terminava um dos meus maiores desafios.
Ficha Técnica
Velocidade média: 12,20 km/h
Velocidade máxima: 53,10 km/h
Percurso total: 87,52 km/h
Tempo de percurso: 7:10 hs

3.100 KM

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